Anabela Moreira

O dia em que me disseram que tive um AVC

Ontem acordei mesmo surda. O lado direito do corpo anda torpe há muito…

Percebi que seria hora de ligar Saúde 24. Assim fiz…

Hospital de Aveiro.

A médica que me recebeu, fez umas verificações rápidas e disse: “posso estar enganada, mas acho que teve um AVC que lhe afetou a parte direita do corpo”. E pediu exames, muitos exames: análises, Raio X ao tórax, TAC, electrocardiograma… E provou-se ser verdade a suspeita dela…

Já eu, achava que tinha sido assim uma gripe que virou otite e estava sem ouvir por isso… E que ia passar… Não me ocorria outra coisa..

Claro que não me mexer bem, era uma tendinite qualquer por causa do uso do rato e computador.

“De médicos e de loucos todos temos um pouco” diz o povo e tem razão. De médicos temos pouco, mas de loucos sim, muito.

O acidente vascular cerebral (AVC) é a principal causa de morte em Portugal. Em todo o mundo, estima-se que: uma em cada seis pessoas terá um AVC; a cada segundo uma sofre esta enfermidade; e a cada seis segundos esta doença é responsável pela morte de alguém. 

Por ano, 15 milhões sofrem um AVC e, desses, seis milhões não sobrevivem. De acordo com a Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral, Portugal é, na Europa Ocidental, o país com a mais elevada taxa de mortalidade.

O AVC resulta da lesão das células cerebrais, que morrem ou deixam de funcionar normalmente, pela ausência de oxigénio e de nutrientes na sequência de um bloqueio do fluxo de sangue (AVC isquémico) ou porque são inundadas pelo sangue a partir de uma artéria que se rompe (AVC hemorrágico). Os isquémicos correspondem a cerca de 4/5 do total. As células do cérebro morrem pouco tempo depois da ocorrência desta lesão. Contudo, pode durar algumas horas se o fluxo de sangue não estiver completamente interrompido. Por essa razão, é fundamental agir rapidamente de modo a minimizar as lesões cerebrais.

Existe também uma outra forma de duração mais reduzida, inferior a 24 horas, que se designa por acidente isquémico transitório (AIT). Nestes casos, o entupimento da artéria cerebral é momentâneo e os sintomas podem durar alguns minutos ou horas. É importante reforçar que, mesmo nos casos transitórios, é fundamental recorrer ao hospital, uma vez que um AIT pode ser o primeiro sinal de um AVC com consequências devastadoras. De facto, uma em cada cinco pessoas que apresenta um AIT irá sofrer um AVC extenso nos próximos três meses. Nunca se deve ignorar um AIT. É ainda comum designar-se o AVC como “trombose”.

Sou uma IGNORANTE de mim. E não só de mim, da maior causa de mortes em Portugal…

Quando a médica olha para o meu histórico clínico e me diz: “não teve uma gravidez fácil, não teve um pós parto simples, não recuperou a sua saude, está acima do peso, e pelo que me diz trabalha em casa, ou seja é sedentária. Nem preciso perguntar da alimentação para saber já o que pode ter causado o AVC”.

Causas do AVC

Os fatores de risco são numerosos e, quanto maior for o seu número, maior o risco de ocorrência de um AVC. Alguns desses indícios não são controláveis, como a idade, o género (mais frequente nos homens) e a genética. Em relação à idade, é importante referir que cerca de 25% dos AVC ocorrem em pessoas jovens. A diabetes, a hipertensão arterial, o colesterol, a obesidade, o sedentarismo, as arritmias, a displasia fibromuscular, o consumo de tabaco e de álcool também aumentam o seu risco.

Diagnóstico

É simples reconhecer um AVC recorrendo à regra dos cinco F’s. Estes sintomas podem surgir de forma isolada ou em combinação:

  • Face: pode ficar assimétrica de uma forma súbita com uma das pálpebras estarem descaídas. Estes sinais poderão ser melhor percebidos se a pessoa afetada tentar sorrir.
  • Força: é comum um braço ou uma perna perderem subitamente a força ou ocorrer uma súbita falta de equilíbrio.
  • Fala: pode parecer estranha ou incompreensível e o discurso não fazer sentido. Com frequência, o paciente parece não compreender o que lhe é dito.
  • Falta de visão súbita: de um ou de ambos os olhos, é um sintoma frequente, bem como a visão dupla.
  • Forte dor de cabeça: igualmente, é importante valorizar uma dor de cabeça súbita e muito intensa, diferente do padrão habitual e sem causa aparente.

Agradecer sempre aos bons profissionais de saúde cuja experiência e competência torna a nossa vida melhor.

Nesta vida corrida, não paramos para nada, só nestes sinais de alerta. Depois o cansaço. Depois a preguiça. Depois as desculpas que damos a nós mesmos… Às vezes é demasiado tarde…

Para mim foi a tempo. Felizmente aprendo à primeira.

Qual a recuperação após um AVC?

Cerca de um terço dos doentes recupera de um modo significativo no primeiro mês mas muitos doentes irão exibir sequelas ao longo das suas vidas.

A recuperação irá depender da localização e extensão do AVC mas também do tempo decorrido, razão pela qual é crucial o recurso imediato ao hospital quando existe suspeita do seu desenvolvimento.

A fisioterapia e a alteração no estilo de vida são aspetos importantes para a reabilitação. A manutenção de uma atitude positiva, o suporte profissional e familiar são igualmente peças fundamentais para que tudo possa correr o melhor possível.

Quais as consequências do AVC? 

Vão depender do seu tipo, da localização da artéria atingia, da área cerebral lesionada, do estado de saúde e de atividade antes do episódio. Todos os AVC são diferentes e cada pessoa afetada irá apresentar problemas e necessidades diferentes.

Que amanhã seja melhor que hoje com esta grande lição que a vida me deu.

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